O secretário de Saúde da Bahia Fábio Vilas-Boas pediu exoneração do cargo após xingar a chef de cozinha Angeluci Figueiredo, do tradicional restaurante Preta. A informação foi divulgada em suas redes sociais na tarde desta terça-feira (3/8).
A profissional da gastronomia publicou a conversa que teve com o gestor informando que a reserva feita por ele foi cancelada por conta das condições climáticas e as sequência de ódio enviada por ele, chegando a chamá-la de ‘vagabunda’.
“Esqueça de me ver de novo aqui. E ainda paguei R$ 350 para desembarcar”, escreveu o secretário na mensagem após o cancelamento.
“Amigo o caralho! Vagabunda”, completou.
Com a onda de críticas tomada na internet, o secretário sentiu pressionado a deixar o cargo e anunciou que entregou a carta de pedido de demissão ao governador Rui Costa, agradecendo por fazer parte do governo do petista, afirmando ainda que Rui “me deu a oportunidade de contribuir para uma verdadeira revolução na saúde visando atender a quem mais precisa”.
Agradeço a confiança do governador que me fez o convite e que me deu a oportunidade de contribuir para uma verdadeira revolução na saúde, visando atender a quem mais precisa.
— Fábio Vilas-Boas (@fabiovboas) August 3, 2021
O governador Rui Costa agradeceu pelo empenho com que o médico conduziu a pasta durante sua gestão. O substituto de Fábio Vilas-Boas será anunciado nos próximos dias. Interinamente, a Sesab será conduzida pela subsecretária Tereza Paim.
Pedido de desculpas
Mais cedo, Vilas-Boas havia admitido ter xingado a chef e pediu desculpas pelo episódio. “Por mais cuidadosos que sejamos, ao longo da vida cometemos erros que podem atingir as pessoas. Peço, portanto, desculpas à empresária e artista da gastronomia baiana, a Chef Angeluci Figueiredo, pelos comentários inadequados no último domingo (1), em circunstâncias injustificáveis, enviados por mensagem privada”, disse ele em uma rede social.
“Tendo reservado um almoço especial com os familiares e amigos do exterior com a devida antecedência de 48h, uma enorme frustração momentânea me levou, tomado de emoção, a dizer o que disse”, publicou.
“Conto com o perdão de todos que se sentiram ofendidos, pois sempre pautei minha vida na verdade, honestidade e acolhimento”, escreveu.
Nota da Chef
Em nota, a chef Figueiredo informa que pensou que o número do secretário estivesse sido tivesse sido clonado. “O que o autoriza, no exercício de uma função pública das mais relevantes do estado – a de secretário de Saúde do Estado da Bahia e, durante uma pandemia, o que torna a sua função sinhá mais responsável – chamar uma mulher de VAGABUNDA?”, disse Angeluci.
“Os tempos mudaram, secretário: inexistem contextos que justifiquem essa relação de senhorio e vassalagem. Eu não sou vagabunda. Sou uma mulher digna, honrada, profissional, empresária, geradora de empregos e com uma árdua rotina de trabalho, física, inclusive, para realizar um sonho e um projeto de oferecer aos meus clientes um serviço de qualidade”, afirmou a chef de cozinha.
“O senhor sabe o que é ser misógino, secretário? Sabemos que sim, o senhor sabe. Mas sabemos que nesse país ninguém é racista, ninguém é misógino. Aqui não há nunca vítimas, só ‘vitimismo’ e ‘mimimi’, afinal devemos garantir que autoridades se sintam à vontade para sacar o telefone e chamar uma mulher de vagabunda, simplesmente porque pode, porque um desejo foi frustrado pelo tempo”, escreveu.
“O senhor sabe que não sou vagabunda, não sou irresponsável, não vivo de mesada de quem quer que seja e que, diferentemente do que o senhor me escreveu, eu preciso trabalhar”, disse a chef.
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